18 outubro 2012

Marina, por Carlos Ruiz Zafón



"Marina me disse que um dia que a gente só se lembra do que nunca aconteceu." - p. 07
Deus sabe o quanto eu enrolei para ler esse livro. Não que ele seja ruim, ele apenas não engata o ritmo macabro e frenético que vemos a partir dos capítulos 9 ou 10 em diante. Como sempre - já que eu enrolei tanto - eu tinha que ler este livro para o colégio. Para hoje. Até ontem, estava na página 39, sendo que o livro tem 189 páginas. Então, rogando praga em todas as pessoas que me tiravam do meu silêncio infernal - porque, se eu estava sendo obrigada a ler, que me deixassem ler - eu peguei o livro, fechei a porta do quarto e comecei a leitura intensiva.
Marina foi escrito pelo Carlos Ruiz Zafón, que tem ao todo 26 livros publicados até agora, sendo apenas sete adaptados para a língua portuguesa (que sejam vendidos em livrarias comuns, pelo menos). Possui grandes títulos como A Sombra do Vento, O Jogo do Anjo e a trilogia composta por O Príncipe da Névoa, O Palácio da Meia-Noite e As Luzes de Setembro - além de Marina, é claro.
Vai entender por quê, mas eu gostei bastante. Achei que, para um livro consideravelmente curto - 189 páginas, o que não é muito para os outros livros que eu leio -, Zafón deu as características boas e não lhe faltou tramas. Realmente lamentei o final do livro e devo dizer que Marina é um dos únicos livros que realmente me tocaram no fundo da alma, que acrescentaram na minha mente algo de real valor, e o único livro de colégio que já me fez chorar. Se não tivesse sido obrigada a ler as benditas páginas em apenas um dia, para ser capaz de fazer a prova, não me importaria se Zafón tivesse estendido o livro mais ou continuado com um outro, dando a Marina um final diferente.
Estamos em Barcelona, no final da década de 70, e somos apresentados ao narrador da história, Óscar, em um prólogo maravilhoso. Ele é um menino de 17 anos de idade que mora em um internato relativamente bom enquanto seus pais viajam pelo mundo Deus sabe fazendo o quê. Óscar, durante seus tempos de folga, costuma preencher o vazio dentro de sua alma passeando pelas iluminadas ruas de Barcelona, a procura de algo que lhe falta na vida... algo em que acreditar para lhe dar esperanças de uma vida melhor. Durante um de seus passeios ele distancia-se um pouco mais do internato e chega a ruelas de casas antigas e desertas, e encontra uma mansão em especial, aparentemente abandonada, mas linda em sua essência. Em um surto de curiosidade ele adentra no interior da propriedade, passando por um enorme portão de ferro em uma estátua com anjos assustadoramente elegante (mas ainda assim assustadora, devo dizer).
Ao entrar na casa, imaginando que ela esteja abandonada, Óscar descobre uma melodia maravilhosa e um relógio antigo lindo, porém quebrado. E, mediante circunstâncias inusitadas, ele acaba conhecendo um dos moradores da casa, um velho aparentemente ranzinza que o coloca para correr. Com um peso na consciência ao perceber que correu da casa com o relógio de ouro na mão, Óscar espera alguns dias antes de tomar coragem para devolvê-lo ao tal de Germán, o nome que consta na inscrição no relógio.
Para Germán, em quem fala a luz.
K.A.
19-1-1964
É então que Óscar conhece Marina, uma menina de provavelmente sua idade - achei estranho que, em parte alguma, a idade dos personagens é diretamente tratada -, com lindos olhos cinza e cabelos cor de feno. Ela se descobre a única filha de Germán, que acaba por ser um senhor amável e gentil, que em momento algum sentiu-se ofendido ou com raiva do pobre Óscar, um menino atrapalhado que apenas achava que a casa estava abandonada.
Para lá e para cá de passeios e conversar, Marina leva Óscar a um cemitério pouco visitado e usado, cujo endereço quase ninguém sabe ou se lembra. Eles então veem uma mulher - ou dama, como Óscar se refere a ela - de negro, encapuzada o suficiente para que seu rosto se torne invisível. Ela larga uma rosa vermelha em cima de um túmulo sem inscrições, aparentemente vazio (não há registro de alguém enterrado ali no sistema do cemitério) com apenas uma borboleta negra o distinguindo de um túmulo antes de ser "esculpido". Marina e Óscar, intrigados com aquela aparição em forma de mulher, a seguem pelas ruas de Barcelona e acabam a perdendo de vista, mas encontrando algo bem mais sinistro e assustador: uma estufa sem eletricidade, com um terrível barulho metálico. E é então que a maior e mais aterrorizante aventura de suas vidas - que incluiu assassinatos, investigações policiais, roubos e segredos terríveis - se inicia.
Primeiro de tudo, a escrita de Zafón é impecável. Nunca havia lido nenhuma obra sua, e me surpreendi de verdade. Em certas partes a leitura me transmitiu medo, em outras me arrancou o suspiros, e em outras, ainda, lágrimas. Marquei - sim, engoli meu orgulho e aceitei que o livro de colégio era bom o suficiente para receber marcações - os trechos e páginas dos livros que mais me tocaram. Eu queria, por medo de que não terminasse a tempo de ler o livro, pular algumas partes, páginas ou trechos, mas a escrita de Zafón não deixava e eu me prendia a um parágrafo, e outro, e outro, e outro...
Me apaixonei pela personagem de Marina. Uma menina doce, delicada, ingênua e protetora. Seu relacionamento com Óscar é bonito de se ver e - apesar de momento algum existir algo muito além da amizade, mesmo que os dois amem um ao outro no sentido de paixão - e a forma como ela cuida de Germán realmente me tocou. O final do livro e as promessas de Óscar me arrancaram lágrimas e, em especial a última página - o epílogo, onde Óscar escreve algo como uma finalização e dedicatória a Marina e seus temos de adolescentes - foi o suficiente para que eu fechasse o livro com um sorriso em meio as lágrimas. E mesmo com todo o macabrismo e as partes estranhas, o livro não merece nada menos do que cinco cupcakes.
"Todos temos um segredo trancado a sete chaves no sótão da alma. Este é o meu." - p. 08

4 comentários:

  1. Esse livro parece ser interessante só pela parte de - que incluiu assassinatos, investigações policiais, roubos e segredos terríveis - que você postou adoro livros desse tipo só que ele tem aquela cara de você não acha em qualquer lugar essas coisas, mesmo assim eu gostei \o e sim e pessimo quando as pessoas interrompem nossa leitura, vontade de jogar praga mesmo rs

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  2. Sarah, vou te falar uma verdade: este livro tem em todo canto que você procurar. Tem na Saraiva, na Cultura, até na Cervo. Marina é um best-seller do Zafón. :D Então, bom, fica a dica.

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  3. o livro para ser bom, mas nao sei se leria xp

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  4. Li o livro e concordo com absolutamente tudo que vc disse! Se tornou meu livro preferido! Tbem derramei algumas lágrimas com o final , e não ficaria nada menos do que maravilhada se fosse lançada um tipo de continuação *o*

    Beijos
    http://quinzeprimaverasescritas.blogspot.com.br/

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